Utilidade
Ao longo dos meus dias dou por mim muitas vezes a pensar no conceito de utilidade. Se vale a pena!
Se vale a pena agir! Se vale a pena escrever! Se vale a pena falar! Se vale a pena pensar! Ou se vale a pena apenas o nosso prazer.
Fernando Pessoa estava certo, o problema é que as almas já não são o que eram!
Valer a pena é uma expressão que gosto muito, significa valer o trabalho que dá, mas para mim a ideia que transmite é se vale a pena com que se escreve. Pena significa tanta coisa! Às vezes acho que Deus era poeta e não cientista. Não há outra razão, que não a de embaralhar a língua, para não ter inventado um nome diferente para cada coisa! Ou então era preguiçoso, razão pela qual se poderá dizer que a poesia nasce da preguiça!
Bem, ando a pensar nisto da utilidade por causa da idade, porque perdemos a ilusão de utilidade com o passar dos anos. Como se a utilidade estivesse intrinsecamente ligada ao tempo que nos resta de vida e não à vida dos outros a quem a coisa será útil. Porque se fazemos, se escrevemos, se falamos ou mesmo se pensamos, há uma utilidade que nos ultrapassa, que é para o outro. Donde se conclui o óbvio, que nos tornarmos mais egoístas com o passar da idade.
Tudo isto porque uma amiga minha, a mais de metade da vida quer mudar de profissão, mas anda-se a questionar da utilidade da decisão porque se acha velha demais. Acha que está a ser egoísta porque quer fazer algo que lhe dá prazer, mas eu ando-lhe a dizer que egoísmo é pensar que se é inútil por se ter mais idade.
Assim, decidi publicar este texto para contrariar a inutilidade dos meus pensamentos!