Mais ou menos...coisas
Tenho andado irritada e ocupada, o que é bom, porque não tendo tempo para me irritar passo menos mal. Mas ontem a minha mãe veio-me falar da história de não sei quem que gostava de não sei quem mais e que afinal era uma não sei quem menos. Não me irrita o caso em si, irrita-me que isto tenha dado uma polémica nacional com direito a três episódios em horário nobre. Não sei se foi por ter sido uma mulher a enganar um homem, se foi por envolver facebooks e companhia, mas ninguém desperdiça nem dez minutos de horário nobre para contar as histórias dos homens que arranjam namoradas sem lhes contar que têm mulher e filhos e outras cenas banais como essa que muitas vezes envolvem crimes de carteira e sangue. Mas pelos vistos, agora, causar danos virtuais é crime! A sociedade anda tola (ou sempre andou) e assisto impávida a um crescente moralismo hipócrita de hordas de gente sem defeitos que nunca fugiu aos impostos nem se baldou à escola e que vota nos Trumps e Bolsonaros deste mundo. Gente capaz de trucidar qualquer um só porque está em curso um linchamento, rezando para que nunca lhes descubram os próprios podres, as mentiras e o mal que fizeram aos outros. Pelo menos que não o descubram em horário nobre de televisão.
Mas depois acalmo-me. O mundo roda conforme tem de rodar. A humanidade é um ser vivo que incha e desincha, que intercala períodos de liberdade com opressão, sempre foi assim e sempre será. Hoje a moda é apontar o dedo, amanhã será desafiar, roda e gira, gira e roda, o importante é estares na moda.