O Pai-Natal não me trouxe grande presente este ano. A COP25 falhou. Ai e tal, tal e coisa... uma esperançazinha aqui outra acoli, mas no global falhou. E está aí o Natal à porta. Por todo o lado vejo demasiados pai-natais e mãe-natais a comprarem o que não precisam para o oferecerem a quem não quer. Lixo à porta das lojas, lixo na rua, lixo em demasia. Depois vêem-me dizer para não me preocupar. Que a Greta isto e aquilo. Que é um problema para os chineses resolverem, que o Elon Musk e o Bil Gates já estão a trabalhar no assunto, e que já estão cansados de me ouvir. Mas parece que não. Nem o mundo se entende a resolver o assunto politicamente, nem as pessoas a resolverem-no no seu quotidiano. Falam, falam, falam, e dizem que é um assunto para os jovens resolverem daqui a 20 anos. E eu pergunto, se os jovens de hoje estão a ser educados por nós e se a educação se transmite pelo exemplo, que raio de exemplo estamos a dar? Como vão os jovens de hoje tornarem-se adultos de amanhã capazes de salvar o planeta se não os estamos a educar para isso. Dizem-me: olha a Greta. Eu respondo: olha os pais da Greta.
Há 20 anos atrás se alguém me perguntasse como deviam ser escolhidos os magistrados em cargos determinantes para a nação eu diria que o sistema português era o melhor e mais isento e apontava como exemplo negativo os países em que estes cargos eram eleitos (porque os juízes tenderiam julgar em função da vontade do povo e não da vontade da lei e da verdade). Com a idade estou a questionar o que é isso da vontade da lei e mais ainda o que é isso da verdade, e vejo-me a defender que os juízes deviam ser eleitos. Autoritarismo por autoritarismo, prefiro o escolhido por mim e pelos meus concidadãos.
A Greta passou por cá. Para mim, que a sigo naquela coisa de miúdos que é o insta, foi apenas mais uma ou duas publicações da rapariga. Aliás, como não postou nenhuma foto de multidão pensei que nem a tinham ido receber até ler os comentaristas de esquerda e de direita na sua recorrente pega de caras desta vez por causa da miúda.
Se há assunto que me espanta ser partidarizado é a sustentabilidade do planeta. Achava natural que uns dissessem "há que aumentar o investimento público nas renováveis" e outros dissessem "há que criar incentivos fiscais às empresas verdes", mas só leio uns "a rapariga é Deus e por isso vamos venerá-la e deixar sua santidade trabalhar, enquanto ficamos de braços cruzados" e outros "a rapariga é uma palhacita e vamos denunciá-la para que ela não trabalhe, enquanto ficamos de braços cruzados". Gostava de ter lido propostas. NADA! Ou pelo menos nada que chame clicks e mais clicks.
Falta, nisto de salvar o planeta, um objectivo concreto como houve na corrida ao espaço. Esquerda e direita (ou socialismo e capitalismo ou ditadura e democracia ou como quiserem chamar) estavam alinhados em ser os primeiros a chegar à lua. Uns conseguiram isto, outros aquilo, mas a verdade é que chegaram lá tão rápido que hoje, passados 50 anos e não estando a humanidade a demonstrar capacidade para salvar o chão que nos sustenta, ando a desconfiar ter sido tudo uma fake news!