Nunca percebi o mundo da alta finança. Por mais que me expliquem. Entendo a matemática mas não entendo como pode o mundo admitir funcionar assim. Vi agora uma notícia que o BCP comprou um banco polaco. Afinal ações do BCP valem dinheiro, ou não? Porque é que o Berardo tem uma dívida tão colossal se comprou ações do BCP? Agora já devem valer dinheiro. Não!? Onde está o dinheiro? Não existe. Se não existe, qual o problema de ter dívidas? Não entendo como podemos todos sujeitarmo-nos a viver de bolas de sabão.
O Verão era a minha estação favorita. Sinónimo de férias, dias grandes e vida sem pressa, sempre gostei de sentir os dias a aquecer.
Agora não. Quando sinto o ar quente de mais para respirar lembro-me dos incêndios. Na aldeia, ano após ano está tudo igual ou pior, o mato avança pelas terras abandonadas, os pinheiros continuam mortos ao alto, queimados, com uma cor negra que nunca irá desaparecer. Os eucaliptos já verdes outra vez invadem a terra deixada de vago pelas árvores que morreram. Ainda vejo restos de casas velhas queimadas, muros destruídos, postes e sinalizações estragadas. A única razão pela qual este ano não tremo de medo é ter ardido há pouco tempo. Agora ordenamento do território, abandono da cultura intensiva do eucalipto ou reflorestamento é para esquecer! Dizem que investiram milhões no combate aos incêndios. Não sei se me sinta mais segura com isso ou mais preocupada com o negócio que se fez.
Da minha parte andei a fazer o que pude, plantei algumas árvores e para o ano planto mais. Mas tudo o que se faça a nível individual é muito pouco.
1º já ouvi chamar disto e daquilo à malta que vota no PAN, são urbanos, depressivos, vegans, jovens, amantes de cãezinhos ou gatinhos, anti-touradas, seguidores de modas, discípulos de Greta Thunberg,...a poucos ouvi chamar de verdes e a ninguém vi relacionar o mau resultado da CDU com o bom resultado do PAN. A CDU é uma coligação do PCP com o PEV (partido ecologista Os Verdes). Eu sei que para muitos a CDU são os comunistas, mas ainda assim havia gente que votava verde, pessoas comedoras de carne, que já não são tão jovens assim, que não se incomodam com as touradas (já com a indústria pecuária a conversa será outra) e que já votavam antes da Greta nascer, mas face aos parcos resultados apresentados pelo PEV (ou a sua fraca divulgação) passaram a votar PAN na esperança de alguma voz verde se levantar neste país;
2º o tema preferido de todos quer na tv e jornais quer nas redes sociais é a abstenção. Ora, contrariamente ao berrado por aí a abstenção foi menor que nas passadas europeias (é ver o nº de votos num país em declínio demográfico e fazer as contas). E a culpa não será dos jovens nem dos urbanos que foram à praia, os distritos onde houve mais abstenção foram os do interior onde há menos jovens e menos tendência de ir à praia ao fim-se-semana. Se vamos falar de culpas, falemos então da comunicação social que não promove uma proximidade com o que se passa no Parlamento Europeu. Durante cinco anos não se ouve falar dos debates, dos eurodeputados ou dos partidos europeus e do que por lá se passa. É mais que óbvio que as populações não sentindo a representação da sua voz na Europa não se incomodem em votar. Por isso, em vez dos partidos políticos fazerem mea culpa, que tal a comunicação social fazer mea culpa!
Hoje o dia correu mal. Vi-me metida em assuntos desagradáveis com os quais não tenho nada a ver, estou em risco de perder definitivamente dinheiro que me devem, o computador deu o tilt, não consegui fazer o trabalho que tinha de ter feito e estou adoentada. Depois deu-me para ler os intelectuais de serviço na bloga e cheguei à conclusão que já não tenho idade para a ironia e a arrogância de quem vê nos outros uma afronta à sua divindade. Cansei. Da mesma forma que já não suporto ouvir os metaleiros da minha adolescência ou os poetas incompreendidos. Se ninguém os compreende é porque se explicam mal. Saber comunicar é mais do que saber conjugar verbos. E se esta gente que suspira por mais altos galhos onde se empoleirar não consegue trepar à árvore é porque não tem balanço suficiente no corpo.
Bem, pode ser que amanhã acorde mais bem disposta!
Quando andava a estudar e tinha de gerir a mesada até ao fim do mês, estava habituada a contar tostões. Embora nunca tenha passado por dificuldades, sempre sabia quanto dinheiro tinha na carteira, quanto dinheiro tinha no banco, fazia levantamentos de multibanco pelo mínimo e pensava três vezes antes de gastar dinheiro.
Quando comecei a trabalhar deixei de contar tostões. Não é que tenha ficado rica ou passado a esbanjar dinheiro, mas deixei de ter uma mesada apertada para gerir e deixei de contar o dinheiro que tinha na carteira.
Ultimamente ando preocupada com o planeta, e na minha vida quotidiana tenho tentado diminuir a minha pegada ecológica, seja em casa, no carro, nas compras, etc. Então hoje, enquanto conduzia na autoestrada com o carro já muito quente, em vez de ligar o ar condicionado (que é o que faria há uns anos atrás) diminuí a velocidade e abri as janelas. Depois senti-me outra vez a contar os tostões, só que agora de energia gasta!
De vez em quando leio uma crónica que gosto e começo a ler mais do mesmo autor. Uma vez ou outra acho que a pessoa que a escreve pensa como eu, fico contente porque não sou só eu a pensar assim e passo a ler o que escreve de forma regular. Mais tarde ou mais cedo descubro que aquele escritor, que já vivia comigo em simbiose mental, afinal tem uma opinião da qual eu discordo e fico com raiva de alguém que declaradamente tem os mesmos mecanismos de pensamento mas não chega às mesmas conclusões que eu. Depois fico a pensar que o melhor é ler quem pensa de modo completamente diferente, porque para pensar igual estou cá eu e o que faz falta neste mundo é gente com visões diferentes ou com capacidade de aceitar outras opiniões. Assim começo a ler quem de mim diverge em tudo. Passados uns tempos começa-me a chatear tanta opinião mal pensada, começo a ficar enervada com o facto de nascer gente que não consegue somar 2+2 e volto aos autores que têm a mesma opinião que eu, tentando dar-lhes a mesma abertura de pensamento que dou àqueles que me são contrários. Começo então a perceber que eles próprios andam à toa como eu e que eram muito bem capazes de escrever as mesmas tolices que eu. Fico desiludida porque afinal somos todos demasido parecidos e volto a ler quem me é contrário, para me sentir diferente. Com isto leio aqui e ali e pelo menos não fico sempre no mesmo sítio. Depois imagino quantos de nós são como eu. Talvez ninguém, provavelmente todos.
É um lugar comum, mas quanto mais anos tenho, mais a vida passa a correr. É talvez a rotina, a sensação que hoje foi igual a ontem, o cansaço ao fim do dia que me faz querer mergulhar no de sempre. Claro que de quando em vez tento mudar isto, mudar a minha vida aqui e ali para fugir da rotina, mas quanto mais anos tenho, mais experiências colecciono e menos a vida me parece uma novidade. Na vida, sou uma maratonista, quer com a família, amigos ou profissionalmente, corro a uma velocidade moderada sabendo que a meta está sempre longe. Há quem passe a vida a correr os 100 metros. Pergunto-me se eles também sentem que a vida está a acelerar, ou se correr com a meta sempre ao alcance do olho esconde o tempo que passa.
Nos últimos anos tenho chegado à conclusão que os portugueses, nos quais eu me incluo, não tinham ainda interiorizado o conceito do estado ser o conjunto de todos nós. É uma entidade demasiado grande para se parecer com a pessoa que sou eu e os outros. Por isso era (ainda é?) aceitável fugir aos impostos, danificar património e ser passivo em relação ao que o estado faz com dinheiro de todos. Mais distante que o estado estavam os bancos e mais ao longe ainda as empresas. Se se faziam empréstimos que não se podiam pagar, o problema era apenas de quem ficava na falência e dos bancos que eram ricos. Se não se pagavam compras que se tinham feito o problema era apenas de quem ficava com os bens penhorados e das empresas que eram ricas.
Claro que teoricamente sabiamos, mas de saber a saber vai uma grande diferença.
Veio a crise. E afinal não era bem assim. Se uma pessoa compra e não paga, mais cedo ou mais tarde pagamos todos, se alguém pede dinheiro para entrar num negócio que não dá certo e vai à falência, mais cedo ou mais tarde pagamos todos, e se o estado não recebe os impostos que precisa de alguns, mais cedo ou mais recebe-os de todos. A economia é uma pescadinha de rabo na boca, mas uma pescadinha viva, que não pode parar, com risco de não conseguir depois arrancar novamente.
A solução é estarmos todos mais conscientes e pedir responsabilidade a quem tem de tomar decisões. Se um médico fizer asneira grossa vai a tribunal por negligência e pode perder a carteira profissional, assim como muitas outras classes profissionais. Então políticos, gestores, banqueiros, bancários, etc também deviam ir a tribunal por fazer asneira grossa. Ou ficar sem a carteira profissional. Talvez assim todos tiríamos mais consciência.
Nas europeias voto de acordo com o grupo político europeu em que está integrado cada partido e com o trabalho desenvolvido pelos eurodeputados, por isso tenho a minha decisão já tomada. Mas para as legislativas estou um pouco confusa (Floribela dixit). Costumo votar à esquerda, mas não voto sempre no mesmo. Gosto desta Geringonça, acho bem que uma força política tenha que negociar e ceder em algumas pastas para governar (a ideia de maioria absoluta parece-me demasiado totalitária para o meu gosto), por isso e por algumas posições do PS que não gostei em alguns assuntos verdes, ía votar PCP ou BE. Mas confesso que esta mania dos partidos mais à esquerda desprezarem sistematicamente as consequências financeiras dos seus sentidos de voto anda-me a enervar um bocadichito. Além de já não perceber bem o que é isso da defesa do trabalhador que tanto apregoam. Continuo a ver pessoas a ganhar uma miséria, a trabalhar ao lado de outras que ganham razoavelmente bem, fazendo exactamente a mesma coisa. Mas a maioria das lutas laborais que vejo são de gente que já pertence aos quadros e não ganha assim tão mal, enquanto andam outros tantos a trabalhar "a dias" sem ver a sua situação profissional estabilizada, sem condições de formar família, etc, etc, etc... (quer no estado quer no sector privado). E depois as empresas fartam-se e subcontratam tudo em contratos de mão-de-obra que pagam mal e porcamente e instala-se uma pescadinha de rabo na boca que não ajuda ninguém. O problema é que não vejo ninguém a quebrar o ciclo, vejo discursos de outrora que não resolvem o problema das pessoas. Gosto do trabalho que este PS está a fazer, não é perfeito mas é o melhor das últimas décadas e à partida votaria Costa, mas não gosto de maiorias absolutas...