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Ri-te Rita

que a vida não rima

Ri-te Rita

que a vida não rima

Escola Pública

Costumo ouvir podcasts de programas de rádio. Ouço uns cómicos, outros de opinião e outros de conversa e entrevista, com locutores com quem me identifico, quer seja pela idade, vivências ou opiniões. Há algumas semanas a meio da conversa de um podcast os locutores e entrevistado falaram de colégios, de como eram caros mas obrigatórios para garantir que os filhos andassem na escola com os filhos de outras pessoas influentes para lhes abrirem umas portas no futuro. Isto foi tudo dito em tom leve mas sem dourar nenhuma pílula. Fiquei muito triste com o que ouvi!

Eu tenho os meus filhos na escola pública por opção. Porque acredito na qualidade da escola pública, acredito que todos os miúdos devam ter as mesmas oportunidades e acredito que conviver com pessoas de diferentes credos ou carteiras ajuda as crianças a serem melhores adultos. No entanto, grande parte dos meus amigos e conhecidos tem os filhos em colégios. Claro que não são tão claros na apologia dos colégios como foram os locutores do podcast e justificam-se com a falta de professores, a falta de horários e a falta de segurança da escola pública, mas a verdadeira razão para lá terem os miúdos é a mesma, a integração das crianças na classe privilegiada de quem pode pagar um colégio.

Há uns dias a esta parte, em vez de ouvir rádio pus-me a ouvir as notícias. No meio do telejornal da SIC apareceu-me a Cristina Ferreira. Não gosto do estilo da Cristina, não gosto da voz da Cristina e não gosto dos programas que ela apresenta. Resumindo, não me identifico com ela. Embora lhe reconheça inteligência, energia e determinação, não sou capaz de a ouvir mais de 5 minutos. No entanto, como estava a ouvir o telejornal ultrapassei os 5 minutos de tolerância. No meio disto e daquilo, e sem que ninguém tenha feito primeiras páginas com o assunto, ela defendeu a escola pública e disse que o filho dela lá andava. Ora, não deve ser fácil para o filho de uma celebridade como ela andar na escola pública. E não é muito comum ouvir uma figura pública anunciar que tem o seu filho na escola pública. Muitos políticos e comentadores assumidamente de esquerda pregam uma doutrina que não cumprem e têm os seus filhos nos colégios. Fiquei muito feliz com o que ouvi!

A vida tem destas coisas.

Do que é que isto me serve? Para nada. Continuo a ouvir o podcast da radio, continuo com os meus filhos na escola pública, continuo a gostar dos meus amigos que têm os filhos no colégio. E continuo a não suportar ouvir um programa da Cristina Ferreira. Mas talvez esta seja uma das definições de democracia.

Marés

Estamos todos na praia à beira mar de telemóvel em riste. A maré vem. Molha-nos os pés, porque a água é fria e o telemóvel não é resistente à água para nos aventurarmos mar dentro. O frio nos pés é chato e enregela os ossos. A maré vai. A água escorre dos pés e rapidamente desaparece entre os grãos de areia. A maré vem. Os pés afinal continuam molhados e frios. A maré vai. A água escorre. A maré vem. Pés frios. A maré vai. Escorre água. A maré vem. Indigna-se a gente que os pés continuam frios mesmo estando a cabeça quente. A maré vai. Enterram-se os pés na areia. A maré vem. A maré vai. Vem e vai. Vem-vai. Vai-vem.

Pela primeira vez na minha vida acho inteligente a conversa de circunstância sobre o tempo. Que bom que é acordar, ir à rua e dizer à senhora da padaria "Bonito tempo o de hoje. Que bom que choveu. O ar está quase limpinho."

E é isto.

Politiquices

Hoje está-me a apetecer debitar palavras.

Tenho andado a ler alguns artigos de opinião sobre as eleições brasileiras. Gosto razoavelmente de ler sobre política (não gosto assim tanto de ouvir) e por vezes fico a sentir-me mesmo pequenina por ter opiniões tão básicas em comparação com a análise histórico-social alicerçada nas lutas liberais de D. Pedro IV que por aí vejo descrita!

Na noite da primeira volta das eleições brasileiras, depois do Bolsonaro ganhar, sonhei que o Haddad tinha desistido da 2ª volta para apoiar o Ciro Gomes e que no fim o Bolsonaro saía derrotado. Foi um sonho lindo não foi? Por estes dias tenho lido de tudo, desde teorias de que o povo brasileiro é na sua essência conservador até ao sentimento de medo da classe média brasileira pela ascenção social dos pobres. Balelas, balelinhas. O PT ganhou as últimas quatro eleições e se há algum medo da classe média brasileira é o de voltar a ser pobre. Ou de continuar a ser pobre. Parece que todos os analistas políticos se esqueceram da corrupção e de que as pessoas atribuem a presente crise à má prestação política do PT. A estratégia do Haddad de se colar ao Lula pode lhe ter assegurado a 2ª volta mas não vai congregar os brasileiros e o ditadorzeco vai ganhar as eleições porque o PT não consegue meter a mão na consciência. E não há mais que se possa dizer sobre isto. Infelizmente.

Segredos

Com estas polémicas que têm havido ultimamente tenho andado a pensar nisto de desaparecerem os segredos e o anonimato. E não ando a chegar a conclusão alguma. Se por um lado concordo com as fugas de informação e apoio gente decente que anda a levantar uma ponta do véu que nos tapa a vista a todos. Por outro, além da violação da privacidade de cada um de nós, acho que descobrir os podres aos heróis, subconscientemente está a fazer-nos aceitar a podridão putrefacta de gente que nem se dá ao trabalho de a esconder. Senti isto na eleição americana, na eleição brasileira e um pouco nesta palermice do Ronaldo que agora assola o país. Este é um lado mau.

Claro que isto é uma fase de adaptação. De certeza que os grandes escritórios de advogados estão neste momento a apagar as provas dos crimes dos seus clientes nos servidores informáticos e a enterrá-las debaixo do colchão, só para o caso de terem de mover influências e manterem-se na cúpula dourada. Aposto que o Ronaldo pagou muito mais a advogados e especialistas para abafar o caso do que à rapariga que talvez tenha violado, e enquanto que com ela regateou o preço e o acordo ficou mais barato, com eles pagou e não bufou depois de receber a resposta ao pedido de desconto nos honorários (tudo supostamente e segundo as tais fugas de informação). Ao menos se toda a gente tiver os podres à vista deixa de haver quem lucre com isso. E este é um lado bom.

Quanto a esta polémica do Ronaldo ando triste com a poeira que isto anda a levantar. A desinformação é tanta que no outro dia alguém me perguntou como era possível o Ronaldo ser acusado de violar uma prostituta a quem tinha pago! (é preciso muita coragem ou desespero para uma mulher se expôr a isto!) E agora li que o Paulo Dentinho foi despedido por dizer umas verdades. Triste Portugal! O meu senso (que poderá ser bom ou mau) diz-me que as americanas são muito susceptíveis aos quinze minutos de fama e que não há má publicidade, mas também me diz que o Ronaldo era menino para fazer uma coisa daquelas, tal e qual como vem descrito no artigo do jornal alemão, é rude, arrogante e acha que com o dinheiro compra tudo, incluindo filhos. Só eles saberão o que aconteceu. Coincidência ou não, encomendou o filho poucos meses depois. Talvez se achasse demasiado bom para compartilhar um filho com uma mulher ou desconfiasse que todas o queriam para lhe extorquir dinheiro e fama. Só ele o saberá.

E bom, já cedi demasiado à cusquice por hoje e agora vou trabalhar.

Os blogues de antigamente

Há uns tempos ouvi a entrevista a uma bloguer famosa em que lembrava com saudade os tempos em que isto dos blogues tinha começado: que a blogosfera era um grupo de gente armada apenas da vontade de escrever ou de contar a sua vida sem esperar qualquer retorno monetário ou até de audiência, e que agora era tudo muito regado a interesses publicitários e promoção pessoal.

Ora eu nunca soube bem o que era a blogosfera, assim como não sei o que é estratosfera ou outras esferas que para aí andam. Mas o discurso era parecido com o de uma prima minha que me dizia que no tempo dela se aproveitava a roupa de uns irmãos para os outros e agora se deita tudo fora. Eu disse-lhe que eu aproveito a roupa do meu filho mais velho para o mais novo e do mais novo para os filhos dos amigos. Reconheço que hoje em dia há mais roupa e há roupa de má qualidade que não dura tanto, mas pensar que o hábito de reaproveitar a roupa se extingiu é apenas reconhecer que ela própria não o tem.

Com isto, respondo deste meu canto sossegado, que se alguma bloguer tem vontade de escrever ou de contar a sua vida sem que ninguém a chateie é muito fácil criar um blog anónimo aqui no sapo.

Dor de barriga

Hoje acordei a doer-me a barriga. Não é a primeira vez que me dói a barriga por causa de uma eleição, mas ando com a sensação que a minha gastrite anda a piorar. Não sei se é da idade ou do tempo! O engraçado é dar-me para doer a barriga quando o que me devia doer era a cabeça!

Estou piursa com os brasileiros e só me apetece chamá-los de burros, que é o que que eu chamo aos americanos sem remorso algum. Mas reconheço que não é fácil escolher entre dois "nãos". Nestas alturas, e para me sentir melhor, sou egoísta e dou graças a Deus por viver em Portugal do início do século XXI.

De qualquer das formas, se eu tivesse de escoher entre a corrupção e a violência/racismo/sexismo, eu escolhia a corrupção, porque prefiro que me roubem o dinheiro a que me roubem a alma ou a vida.

 

A inversa ordem certa das coisas

Este fim-de-semana fui à festa dos 80 anos de um primo afastado. Antes de cantarmos os parabéns, o meu primo fez um pequeno discurso onde, entre celebrar o que de bom lhe acontecera e lembrar quem já não nos faz companhia, agradeceu aos filhos o muito que tinha aprendido com eles.

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