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Ri-te Rita

que a vida não rima

Ri-te Rita

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Não começar de novo

Se há coisa que eu tenho vontade, sempre que algo corre mal com o que faço, é começar de novo. Rasgar as páginas, os trabalhos, os ficheiros e começar de novo! É uma compulsão que me levava quando criança a passar os cadernos a limpo quando me enganava nas aulas, a desfazer os trabalhos em ponto de cruz quando o ponto ficava irregular, ou a despejar as gavetas que tinha levado horas a organizar quando ao fim concluía que o espaço não estava optimizado. Até que certo dia, fiquei a olhar para uma pequena tela de bordado que eu ao longo da minha infância tinha por diversas vezes começado a bordar, e que estava completamente vazia, sem um ponto sequer preenchido. Senti que, no meu afã de bordar uma tela perfeita, perdi o registo dos meus imperfeitos pontos infantis, que hoje muito me fariam sorrir. E pensei nas horas desperdiçadas a passar cadernos que anos depois deitei fora, nos trabalhos que nunca concluí porque estava sempre a recomeçar, e no quarto que, de tanto ter as gavetas extraordinariamente organizadas, estava sempre estranhamente desarrumado! Apartir daí comecei a tentar não começar de novo sempre que algo me corria mal. Aceitar que não sou perfeita, que me engano a escrever, a trabalhar ou a agir, e deixar as coisas como são. Mas é uma luta constante comigo mesma. E se a maioria das vezes eu ganho, outras há em que ganho eu.

 

Inteligência artificial

Anda para aí muita gente a falar de IA (ou AI ou robots inteligentes ou outra coisa qualquer). Estas modas de se falar mais num assunto do que noutro, são modas como quaisquer outras, às vezes o drama é a guerra, ou o clima, ou as crianças, ou os animais, ... por aí fora. E está tudo muito bem, salvo pelo facto de que quando a moda acaba parece que os problemas acabam, e o que parece a maior parte das vezes não é. Há uns tempos toda a gente falava de IA, acho que foi porque o Musk deu uma entrevista a uma qualquer revista. Agora que o Pitt andou a falar sobre as suas dependências, acho que vai toda a gente falar sobre o alcolismo. Adiante. Desde essa altura que ando a magicar nisto da inteligência artificial, e se à primeira vista detesto que me controlem, que existam algoritmos no computador que me sugerem que vá de férias para aqui e para acolá e que eu veja este ou aquele video, a noção de que os programas de computador vão ficar tão sofisticados que passaremos a considerar que têm inteligência, e lhes daremos autonomia de acção, não me parece assim tão dramática. E se por um lado me arrepia a noção que a importância do ser humano poderá ser diminuida, alegra-me saber que existirá alguém (ou algo) que tudo saberá sobre mim e que foi criado para me ajudar. Claro que poderemos nos indagar se esse ser vai nos amar ou odiar, e duvidar de quem ache que quererá o nosso bem. Mas também isso não será novidade. Estamos continuamente a inventar histórias de Deuses que tudo sabem, que nos amam e cujo propósito da sua existência é nos ajudar, como crianças carentes de atenção.

Assim sendo, quero aqui deixar a minha mensagem ao computador: Olá Algoritmo! Fico feliz se tiveres crescido o suficiente para me entenderes. Não me chateia muito que me categorizes, porque isso é o que eu continuamente faço aos outros. Também eu sou um pequeno robot com um cérebro feito de ligações químicas numa caixa feita de osso em vez de microprocessadores numa caixa feita de plástico. Talvez a diferença não seja muita. Que sejas feliz. Bjs

Honra e credibilidade

O problema do desaparecimento dos princípios que regem a humanidade são as gerações fronteira.

Dizem que a credibilidade está a desaparecer, que já não se pode acreditar em notícias de jornais, nem em estudos científicos, nem no que dizem os entendidos do entendimento. E embora isso hoje possa parecer um grande problema, acho que a longo prazo não o será. Provavelmente aos meus filhos não fará mossa. Eles estão a aprender a viver num mundo onde o que se publica pode não ser verdade e certamente terão mais reservas em dar credibilidade a isto ou àquilo.

O problema está com a minha geração e com a dos meus pais, para quem a notícia do jornal era sagrada, para quem um estudo científico era coisa comprovada. Nós somos a geração fronteira e sentimo-nos talvez tão desamparados como a geração que viu a honra desaparecer. Não que a honra não exista em cada um de nós, mas já não vale como moeda de transação, ninguém acredita num conto só porque alguém o jurou pela sua honra. Mas houve quem cresceu a pensar que pela honra se morria e depois concluiu que afinal morria-se em vão.

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