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Ri-te Rita

que a vida não rima

Ri-te Rita

que a vida não rima

As grandes diferenças

Gosto muito de viajar. Já viajei mais que hoje, quando tinha mais dinheiro e menos filhos, mas não há ano que passe sem que eu, mais longe ou mais perto, não ponha o pé noutro país que não o nosso. Gosto de viajar para sítios diferentes e perceber que a vida pode ser vivida de formas muito distintas da nossa. Agora que já não viajo tanto, quando apanho alguém que esteve em outro país, seja a trabalho ou lazer, bombardeio-o com mil perguntas de "como é" para sentir esse "quê" de diferente que me descansa a alma. Que os japoneses vivem em 15 m2, que há cangurus nos quintais da Austrália, que em Moçambique o progresso está a aumentar a desigualdade social, que na comunidade indiana de Londres ainda são os pais que arranjam o casamento dos filhos,...

Bem, no outro dia conheci uma rapariga que tinha estado a trabalhar no Panamá. Fiquei logo toda entusiasmada a fazer pergunta atrás de pergunta. A páginas tantas, perguntei "qual é a grande diferença entre viveres lá e viveres aqui", e ela respondeu-me "aqui a rede de dados móvel é muito má, lá pagamos um valor fixo por mês e temos rede em todo o lado, e quando aqui cheguei gastei o pacote todo na viagem do aeroporto para casa!". Bom, eu fiquei sem palavras! Talvez continue ainda sem palavras, porque acho que naquele momento também se acabou o meu pacote de palavras!

Videoconferência

Sempre tive o hábito de fazer apostas comigo e com quem me está próximo sobre quão avançado estará o mundo passados uns anos. E perdi a aposta sobre as chamadas video. Muita gente usa a videoconferência profissionalmente e para quem está longe as chamadas por skype são obrigatórias, mas há vinte anos atrás eu imaginava que hoje em dia andaríamos todos de telefone no pulso a olhar para o rádio e cúbito. No entanto, em vez de me encontrar rodeada de ecrãs, acho inclusive que houve um certo retrocesso da chamada de voz em benefício da mensagem escrita. Às tantas estamos a ficar cansados da constante invasão da privacidade, ou então temos cada vez mais imagens de faz de conta que queremos manter e que não correspondem a um cara ou uma voz cansada! Seja como fôr, se antes achava que isto ia estar impossível e que estavámos a caminhar para a desumanização da humanidade, hoje acho que isto vai estar impossível e que estamos a caminhar para a desumanização da humanidade. O que, a propósito, é um sentmento muito humano!

Solidão

Tenho andado a matutar nisto da comunicação. Gosto de andar a matutar aos pedaços, como se fosse uma barra de chocolate da qual só me permito comer um quadradinho de cada vez! Mas andando eu a matutar nisto da comunicação, li um post no facebook que me nublou o dia todo (como se não bastassem as nuvens que andam no céu!). Era um daqueles posts de um amigo de um conhecido de agradecimento pelos votos de aniversário deixados em sede de facebook. Tinha uma selfie linda, tirada por uma mulher jovem, com não mais de 20 anos. Via-se uma mesa com uma toalha branca, um jarro com um ramo de rosas com as pétalas espalhadas sobre a toalha, um castiçal com uma vela acesa, um pequeno bolo ainda por encetar, um presente por abrir, um postal, uma carta e uma rapariga sorridente em frente a uma janela. A mensagem, com mais de uma centena de "gostos" dizia "Obrigado a todos que me felicitaram. Fiquei muito feliz com cada gesto de carinho. Li todas as mensagens".

Ora porra!!! Eu posso ser uma gaja meia bruta, que nem se incomoda em agradecer as felicitações "clicka aqui" facebookianas, mas ai de mim que a minha foto de aniversário não seja inclinada sobre um bolo, numa mesa já meio comida, com mais de vinte comparsas à minha volta (a palavra amigo está a perder o seu sentido) de copo e prato na mão!!!

Porra de solidão acompanhada!!!

Vício

Há já alguns anos que vou lendo aqui e ali vidas contadas na net. Surpreendo-me sempre com o quão iguais somos todos e recordo o que me disse uma amiga ao ler um desabafo escrito por mim, em que tentava dar palavras ao que sentia na altura, "eu também sinto isso, só não o escrevo". Nesse instante, consegui dividir a humanidade em algo concreto "os que o escrevem" e "os que não o escrevem"!

Continuando. Gosto de ler quem me faça rir, quem me faça pensar e quem me alivie a alma. Mas no meio de tanta gente inteligente e bem-disposta, dou por mim a ler também quem me desagrada visceralmente, e a quem eu, embora reconheça inteligência, não detecto mais nenhum dos traços humanos que aprecio. E esta é uma das questões insignificantes que inexplicavelmente me perturbam. Então, entre o "o que faço eu aqui", "para onde vai o mundo", ou "será que preciso mesmo de me mexer", aparece o "porque raio ainda leio isto". E bom, não sei a resposta! Já coloquei várias hipóteses como "para saber que se vive", "para me sentir tolerante com os intolerantes", "para sentir que há gente diferente", e outras tantas. Mas a verdade é que não sei porque o continuo a fazer, e talvez seja essa a definição mais completa de vício.

Boatos

Parece que só agora com a trump-a é que as cabeças descobriram que há notícias falsas a navegar na net e que estas têm consequências. Parece que o mundo só agora foi inventado e não existem já inúmeras teses de doutoramento sobre boatos. Há até aquele boato, de que o boato dos hamburgueres da McDonalds terem carne de minhoca ter sido propositadamente lançado para estudar o alcance de um boato! O que ninguém anda a dizer é que as pessoas só acreditam nos boatos que querem acreditar. Por mais boatos que haja, a esmagadora maioria das pessoas não acredita em OVNIS, e as que o fazem não precisam de ouvir boatos para o fazer! Ou pelo menos, foi isto o que eu ouvi dizer...

 

Sem título

"Sem título" é o título mais idiota que foi inventado até hoje. O engraçado é que é um título muito respeitado. Qualquer quadro com o título "Sem título" merece um segundo olhar. Pelo menos meu! O olhar do "porque será?"

Já não escrevo há alguns dias. Andei entretida a trabalhar e a viver. De vez em quando preciso de jejuar de palavras e pensamentos para voltar a encontrar a graça em mim. O que mais gosto quando volto, é de ler o que escrevi e passar uns minutos a rir-me de mim e a reconhecer o amor que me tenho. Espero não ser Narcisa, mas sempre gostei de me escrever. Quando era rapariga escrevi cartas dirigidas a mim mulher. Tinha medo que o tempo me roubasse os ideiais e queria relembrá-los a quem eu fosse (estou um pouco perdida com a conjugação de mim e dos tempos!) Hoje quando leio essas cartas alegro-me de quem fui, mas continuo a escrever cartas a quem serei, porque o tempo que há-de vir ainda não veio.

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