Todas as opiniões são arrogantes! Arrogam-se a certezas quando são meras hipóteses. Claro que, talvez não! Bem, a verdade é que leio muitas opiniões e dissertações sobre isto e aquilo, aqui e ali, e a grande maioria parece-me arrogante. Claro que, talvez não muito! Bem, a verdade é que é mais difícil expressar opiniões através da escrita, de uma forma que não pareça pretensiosa, do que numa conversa. Porque como em tudo, quando falamos de escrever, falta-nos o tom, ou mais objectivamente, o talento para o traduzir em palavras escritas. Claro que, talvez seja só comigo! Bem, a verdade é que sou assertiva, segundo me dizem. Não sei muito bem o que isso é, mas como me dizem, eu acredito. Embora, sendo-o numa conversa e entremeando opiniões com sorrisos, afectos e respostas, não soa tão arrogante como num texto seco de tom de voz. Claro que, talvez seja mesmo assim! Bem, a verdade é que quando leio os outros e encontro difíceis de ler as tais opiniões, ponho-me a pensar quão arrogante serei eu por pensar que quem as escreve o estará a ser.
Estou completamente desenquadrada por dentro. Por fora enquadro-me bem. Basta conversar, caminhar, comer, trabalhar, rir, correr, beber, dormir como vejo os outros fazer. Faltam-me olhos na alma para também poder copiar o que os outros sentem.
É engraçado como, ao longo da vida vamos assimilnado alguns clichés como muito nossos. Tenho por hábito catalogar tudo e todos à minha volta para melhor perceber o que me rodeia. Tenho plena consciência que não há fórmula matemática que nos explique, e que as aproximações que usamos são, no mínimo, instáveis, mas dentro da minha cabeça existem salas e salas com corredores de estantes metálicas, cheias de gavetas quadradas onde eu arquivo os outros, e nas quais coloco placas do tipo "desleixado com humor"; "insegura bondosa"; "egoísta sincero"; "arrogante justo"; "sonhadora atenta"; etc. Dentro de cada gaveta, em pastas separadoras amarelas, eu arrumo os porquês de cada um, do tipo "ambição desmedida"; "tem marido/mulher egoísta"; "bom-coração"; "educação religiosa"; "sente-se cansado/a", etc. E numa dessas gavetas estou lá eu! A placa na frente da gaveta diz "detesta rótulos" e no interior, entre uma imensidão de separadores com informação variada, está uma folha em branco que diz apenas "Porque será!?"