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Ri-te Rita

que a vida não rima

Ri-te Rita

que a vida não rima

Escrever

Durante a minha vida tive alguns surtos de escrevinhanços intercalados entre períodos em que me dedico a viver. Escrevi pequenos textos, contos e poemas primeiro a caneta em folhas de papel pautado, depois na máquina de escrever em folhas de papel branco e finalmente no computador em ficheiros word. De vez em quando lembrava-me que deveria organizar tudo para memória futura e planeava passar tudo para o computador. Hoje finalmente peguei nos papéis e sentei-me ao computador. Fiquei a olhar muito tempo para aquelas palavras escritas por mim há tantos anos, com uma letra tão certa e arredondada.

Depois peguei numa caneta e comecei a passar o que tinha escrito no computador para um caderno pautado.

Porquês

Tenho andado a tentar justificar algumas das minhas opções. Ou seja, a dar porquês aos meus como. Concluí que é porque como me apetece.

Deus

Deus foi, até há bem pouco tempo, omnipresente. Foi, tempo passado, não por ter deixado de ser omnipresente, mas por ter deixado de ser Deus. Talvez as gentes se tenham sentido livres por um momento! Hoje a omnipresença está a voltar sob a forma tecnológica. Já é normal a empresa saber o que os seus funcionários escrevem, já é normal a câmara saber onde os seus os cidadãos andam, já é normal os sites saberem o que os seus utilizadores preferem, já há inclusive, edifícios onde alguns controlam onde andam, o que compram, o que comem e em quanto tempo o fazem, as pessoas que neles entram. Será novamente Deus!?

As palavras e as pessoas

Se há coisa que me irrita é a necessidade de identificar a pessoa por detrás das palavras, como se as palavras não valessem por si só ou se tivessem importância distinta de acordo com quem as profere. Claro que sou ingénua, sei que sim! Mas se eu faço uma pergunta, porque existe uma parcela da resposta que se altera mediante a minha identidade? E se eu cometo uma falta, porque a julgam de forma diferente de acordo com quem sou? E se eu faço um comentário porque querem saber onde estão as minhas opiniões? Há pessoas que se sentem insultadas por palavras sem remetente, quaisquer que sejam. Porquê? Não terá mais valor uma pergunta ou um comentário de quem não queira mais que uma resposta? Porque não podem as palavras permanecer solteiras?

Agradecer

Quando era mais nova sentia-me algumas vezes culpada por não conseguir retribuir a ajuda que recebia aqui e acolá. Na faculdade, esse sentimento surgia quando depois de faltar às aulas consistentemente, estudava pelos apontamentos dos colegas. Até que me apercebi que, nos anos seguintes, havia quem estudasse pelos exercícios e resumos que eu fazia ao estudar. Desde essa altura que entendo a ajuda ao próximo como a ajuda ao seguinte e não ao mesmo. Aliás, só assim a sociedade consegue espalhar o conhecimento, se nos bastasse a retribuição a quem nos ensinou o conhecimento não proliferava. O maior exemplo disso é a relação entre pais e filhos, por mais que apoie os meus pais, nunca farei por eles o que eles fizeram por mim. Faço-o pelos meus filhos, e assim sucessivamente. E assim, agradeço aos outros aquilo que fizeste por mim.

Poesia

Ando com pena da poesia. Como quem tem pena de uma rainha que já não reina sobre coisa nenhuma e apenas existe para colorir as páginas de revistas e revistas. Penso nos tempos em que a poesia servia para se contarem histórias. Os homens pediam-lhe o favor de memorizar a vida e ela enchia-se de rimas e ritmos para a cantar à capela. Mas veio a idade do excesso de memória e a poesia já não precisava da música nas palavras. E então, tirando o que de música tinha a poesia, só restou a poesia que ainda se agarra à música.

A natureza e os três níveis

Para quase todas as características humanas podemos elaborar um ciclo de natureza mais três níveis.

 

Trocando por miúdos: 

há natureza;

depois existe um primeiro nível de homens que vivem para o trabalho, orgulham-se de dominar a natureza quer retirando dela o seu sustento quer decifrando-a, mas são dominados pela sociedade que não lhes dá primazia, e que apenas utiliza o produto e avanço tecnológico que realizam;

a seguir aparece o nível dos homens da sociedade e da política, orgulham-se de dominar o primeiro nível quer sendo seu usufrutuário quer sendo seu decisor, mas anseiam constantemente por algo espiritual que não se coaduna com simples decisões prosaicas, venerando génios aqui e acolá;

finalmente aparece o nível dos artistas, orgulham-se de serem superiores à sociedade pois visam apenas a produção de matéria imortal, mas passam a vida a admirar o belo, o único e o puro, ou seja, a natureza;

depois há a natureza...

Filosofia

Confesso-me ignorante. Li pouca e esparsa produção filosófica, e por diversas vezes me vi a mãos com livros e mais livros que não consegui ler. Pondero sempre a vantagem de ter alguém a nos ensinar a viver ou de aprender dando cabeçadas contra a vida. Acho que nunca me dediquei com afinco aos filósofos pela mesma razão que não gosto de ver filmes antes de ter lido o livro. Se o faço nunca mais pego no livro, e penso, que se ler a visão dos outros nunca mais terei a minha. Acalento a ideia de daqui a muitos anos quando ficar com tempo para mim, ler tudo de enfiada. De Sócrates a Zizek. Como se fosse o romance da humanidade. A ver vamos se consigo viver até aos sessenta como os espartanos...

Seleccção natural

Há uns anos andei a ler umas coisas sobre Esparta. Na altura andava fascinada com formas diferentes de organização das sociedades, e os espartanos passavam na prova do algodão no que se refere a diferentes! Eram um povo que punha Darwin orgulhoso, a selecção natural cumprida artificialmente! Se nasciam fracos matavam-nos, se cresciam fracos abandonavam-nos, se morriam assassinados pelos escravos premiavam o escravo e depois organizavam rusgas para exercitar as tropas e matar os mesmos escravos. O que mais me impressionou foi algo que li que era mais ou menos assim: "se um espartano conseguisse viver até aos dez anos..., se conseguisse viver até aos quinze..., se conseguisse viver até aos vinte..., se conseguisse viver até aos trinta..., se conseguisse viver até aos sessenta podia ir para casa viver com a mulher. Ora porra!!!

Romantismo

Nunca percebi esta coisa de se chamar românticos aos escritores do romantismo. Pronto está dito! Aquilo não é nada romântico, antes pelo contrário é desmesuradamente egocêntrico e o amor para mim é o contrário do egoísmo. Donde, obviamente se conclui o que toda a gente sabe, que o amor não é romântico! O que é uma grande treta!

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