Lá para finais dos anos 80 ou início dos 90, vi o início de um filme francês que passou na RTP2 à noite. Por razões que já me escapam o meu pai não me deixou ver o filme até ao fim e eu fiquei com aquela história em suspenso sempre entalada na cabeça. Não foram poucas as noites que sonhei com ela. Hoje tentei puxar pelos arquivos da memória e já não me lembro da história, mas continuo a lembrar-me que ficou incompleta. Curioso como na vida as nossas sensações se sobrepôem aos acontecimentos, mas no mundo os acontecimentos não querem saber das nossas sensações.
No outro dia tive um "pensamento instantâneo" ou talvez um "instante de pensamento" (ainda não sei bem como catalogar estes momentos) em que deduzi que "ver" seria igual a "ler" mais "ouvir". Claro que depois de escrutinar a fórmula matemática rapidamente conclui que além de estar errada, estava viciada pelos meios de comunicação que me rodeiam, pois associei "ver" ao cinema, "ler" aos livros e "ouvir" aos discos. Concluo assim que já não vejo só com os olhos. E isso não é lá muito bom sinal!