Sou, nas minhas próprias palavras, maníaca-relaxada em organização. Ou está tudo uma barafunda ou as cuecas na gaveta estão organizadas por cores e modelo. Na minha cabeça igual. Ou os pensamentos vivem livres sem sentido e orientação ou tenho-os encaixotados com rótulos de categorias e função.
Dito isto, finalmente encaixotei a arte na minha cabeça, o que é e como se divide. Claro que, como cada um encaixota coisas na cabeça só interessa para o próprio, mas às vezes escrevê-las é como dar uma martelada com força num prego meio de fora e terminar o serviço.
Então...
Arte é tudo o que sendo exterior a mim me dá prazer. E divide-se pela forma como entra. Pelos olhos, pelo ouvido, pela boca e nariz, ou pela imaginação. E assim se encaixa a pintura, a música, a culinária ou a literatura.
A influência da degeneração cerebral no comportamento social ou
Correlação entre privacidade e tolerância na gestão de uma rede social
Ana e Raquel são melhores amigas há mais de 20 anos, daquelas amigas de antigamente, que se completavam, a extrovertida e a tímida, a cientista e a artista, e todos esses clichés que funcionam em certas alturas da vida.
Há vinte e tal anos Ana dizia na mesa do café “Tás parva!” e Raquel respondia entre risos “Olhe que não, olhe que não”.
Há mais de dez anos atrás Ana dizia no grupinho de pais que se reunia à espera das crianças no infantário “Tás parva!” e Raquel resmungava “Claro que não. É uma boa ideia.”
Ontem Ana escreveu no grupo WhatsApp “Pais do 11ºA” “Tás parva!” e lá foram vinte e tal anos de amizade para o galheiro.
Tenho uma opnião política formada há já muito tempo e praticamente inalterada. Mas gosto de a pôr à prova a cada passo, pelo que leio (essencialmente blogs e artigos de opinião) outras pessoas com opiniões distintas. Confesso que cada vez mais me custa a ler os outros porque a minha percepção é que o discurso está cada vez mais ofensivo. Se eu gostava de ler pessoas com opiniões diferentes, hoje faço um sacrifício para as ler porque a cada parágrafo, a cada linha, ofendem as minhas ideias e eu sinto que me ofendem a mim. Não tenho ilusões que o discurso dos que comungam comigo esteja mais moderado, a questão é que como partilho as ideias não me sinto ofendida.
Isto para dizer que, assim como gosto de ler diferentes opiniões, tentei educar os meus filhos tentando não os influenciar e dando-lhes algumas perspectivas diferentes sobre os vários temas políticos que governam o mundo. Fiz bem, não fiz?! Pois agora não é que o rapaz me disse que é capaz de votar no outro lado da barreira? Devo chorar ou rir?
O segundo mandamento sempre foi o que mais me custou a entender. Quer dizer, o seu significado é quase óbvio, mas porquê inclui-lo numa lista em pé de igualdade com "não matarás, não roubarás e não comerás a mulher do outro"?
Por estes dias, e para espanto meu que pensava já nada mais me surpreender, finalmente percebi a sua importância. É que depois de uma pandemia, de inflação disparatada, greves por dá cá aquela palha, afinal o que deita abaixo um governo de um país democrático é invocar o nome de "Deus" em vão.
Ao longo dos meus dias dou por mim muitas vezes a pensar no conceito de utilidade. Se vale a pena!
Se vale a pena agir! Se vale a pena escrever! Se vale a pena falar! Se vale a pena pensar! Ou se vale a pena apenas o nosso prazer.
Fernando Pessoa estava certo, o problema é que as almas já não são o que eram!
Valer a pena é uma expressão que gosto muito, significa valer o trabalho que dá, mas para mim a ideia que transmite é se vale a pena com que se escreve. Pena significa tanta coisa! Às vezes acho que Deus era poeta e não cientista. Não há outra razão, que não a de embaralhar a língua, para não ter inventado um nome diferente para cada coisa! Ou então era preguiçoso, razão pela qual se poderá dizer que a poesia nasce da preguiça!
Bem, ando a pensar nisto da utilidade por causa da idade, porque perdemos a ilusão de utilidade com o passar dos anos. Como se a utilidade estivesse intrinsecamente ligada ao tempo que nos resta de vida e não à vida dos outros a quem a coisa será útil. Porque se fazemos, se escrevemos, se falamos ou mesmo se pensamos, há uma utilidade que nos ultrapassa, que é para o outro. Donde se conclui o óbvio, que nos tornarmos mais egoístas com o passar da idade.
Tudo isto porque uma amiga minha, a mais de metade da vida quer mudar de profissão, mas anda-se a questionar da utilidade da decisão porque se acha velha demais. Acha que está a ser egoísta porque quer fazer algo que lhe dá prazer, mas eu ando-lhe a dizer que egoísmo é pensar que se é inútil por se ter mais idade.
Assim, decidi publicar este texto para contrariar a inutilidade dos meus pensamentos!
Se esta IA que agora nos apresentam baseia-se no que de nós, enquanto sociedade, existe; e se se pressupõe que a IA, agora ou quando tudo aprender, terá capacidade para nos substituir; então, ou a IA é o somatório de todos nós e se nos substitui será porque já chegamos ao limite das nossas capacidades; ou se o I é mesmo de inteligente, então afinal somos mesmo Deuses e criamos vida sem sequer saber porque fomos nós criados.
Será que é isto o universo? Uma sucessão de criações sem memória, um infinito de filhos orfãos que nascem e morrem enquanto a matéria se expande e contrai!
Se não, então é porque a IA é apenas mais uma ferramenta, como a roda, as letras, as máquinas e a net. Resta saber se a capacidade de adaptação dos humanos, que se baseia muito na renovação das gerações, consegue acompanhar o ritmo das ferramentas que cria!
Tenho escondida uma lista de passwords, mas a blog só está escondida na minha cabeça. Houve um tempo que a esqueci. Lembraram-se os meus dedos que têm melhor memória que eu. Já não escrevo há muito tempo, nem aqui nem em lado nenhum e pergunto-me muitas vezes se ter largado esta necessidade é sinal de maturidade ou de velhice. Ou se a maturidade é um sinal de velhice. Se me acabaram as perguntas e me satisfaz a falta de respostas. De qualquer das formas a password fica na minha cabeça porque quando se acabar a memória também eu me acabei.